De repente, faço uma regressão no tempo e vejo-me no recreio da escola primária, nos já
distantes anos sessenta, onde numa sala única, uma professora única - sem
auxiliar - leccionava 50 alunos da 1ª à 4ª classe. No recreio – dizia eu – era a
algazarra do costume, com todo o tipo de brincadeiras : o berlinde, o pião, a
estaca (como jogos de destreza e coordenação) e outras mais exigentes em termos
de compleição física como a apanhada, combates às cavalitas. E havia também
brincadeiras marginais, que hoje seriam casos típicos de bulling, como o
calmeirão que se acercava do miúdo franzino para lhe dar uns calduços no
pescoço, ou para o rasteirar fazendo-o cair, tirando desse acto, um enorme
prazer. E sem vigilante, tudo se tornava mais fácil: era o maior e mais
poderoso, principalmente se aqueles colegas que lhe podiam fazer frente, estavam
distraídos. Neste cenário, de vez em
quando ouvia-se uma voz amiga que dizia :
“- Só bates em putos, pá!” e, das duas uma, ou o “combate” passava a ser entre
iguais, ou voltava a haver harmonia no recreio.
Porque carga de água terei eu ido buscar esta lembrança? Ah…
já sei.
1 comentário:
Estamos inspirados pá :)
Abraço
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